terça-feira, 18 de outubro de 2011

Carta Aberta à Comunidade Acadêmica dos Bolsistas do RU

CARTA ABERTA À COMUNIDADE ACADÊMICA DOS BOLSISTAS DO RU



Nós, bolsistas do RU-I da UEM, viemos através desta carta exigir o cumprimento das reivindicações dos estudantes, acatadas publicamente pelo reitor Júlio Prates Filho após a ocupação da reitoria. O descaso dos sucessivos reitores com a falta de uma política de assistência e permanência estudantil na universidade é vergonhoso, fazendo com que muitos estudantes desistam de seus cursos porque não têm como se manter e estudar.


Desde 2001, numa resolução aprovada no CAD, passou a vigorar a chamada “bolsa-alimentação” que, apesar de não ter sido concebida como parte de uma política de assistência estudantil, na verdade realiza esse papel. A bolsa consiste na gratuidade das refeições oferecidas no RU-I (café da manhã, almoço, janta e almoço aos sábados) e a cota de 500 fotocópias e 250 impressões, em troca da execução de funções no RU-I que são de competência de funcionários concursados, como por exemplo, enxugar os talheres, empilhar as bandejas em um carrinho e transportá-las até a cozinha, fazer o suco servido nas refeições, servir as refeições, entre outras funções. Existem dois períodos nos quais os bolsistas trabalham, de acordo com sua disponibilidade: ou no horário do almoço, que vai das 11:30 às 13:30, ou no período da janta, que vai das 18:30 às 19:30. Após o desfecho vitorioso da ocupação da reitoria da UEM, que da tarde do dia 25 de Agosto até a manhã do dia 2 de Setembro permaneceu nas mãos dos estudantes, foi incluída na pauta de reivindicações decidida em assembléia que os atuais bolsistas do RU-I ganhariam imediatamente o direito aos benefícios já recebemos. Mas até agora, nada nos foi garantido e continuamos a trabalhar.


Essa situação, insustentável há anos, é fruto da falta de uma verdadeira e coerente política de assistência estudantil na UEM, que obriga os estudantes carentes a terem que trabalhar por alimentação e fotocópias, aliado à uma falta de investimentos crônica na infra-estrutura e em recursos humanos na universidade, que recai sobre a pequena quantidade de funcionários no RU-I que são sobrecarregados devido ao aumento no número de cursos e estudantes nos últimos anos. Em um nome só: precarização da universidade pública e assistencialismo. Além de não termos nenhuma garantia de estabilidade nessa bolsa, pois ela pode ser cortada a qualquer momento e as condições de trabalho serem precárias, devido ao intenso barulho proveniente da máquina que lava as bandejas, ao risco de que as pesadas bandejas oferecem se caírem em nossos pés e ao esforço físico usado no transporte das bandejas até a cozinha, nos vemos totalmente desamparados pela burocracia universitária, pois ela não busca solucionar o problema, e sim, perpetuá-lo afim de manter o estudante carente dependente da instituição. A DCT, que é o órgão da UEM no qual o RU está lotado e responsável pela elaboração e execução de uma política de assistência estudantil na universidade, não realiza a sua função, que de acordo com seu próprio endereço eletrônico diz que seu objetivo principal “é o bem estar social de nossos servidores e acadêmicos” e que busca ”melhorar o seu desempenho profissional e acadêmico”. Isso não passa de falsa propaganda. Nossa universidade nunca teve uma política de assistência estudantil voltada para alunos de baixa renda! Para piorar, nas reuniões entre representantes do DCE e a Reitoria, foi proposto pela Pró-Reitora da PEN, Ednéia Regina Rossi, que os atuais bolsistas ganhassem os benefícios sem a contrapartida de terem que trabalhar, mas que devido à demora na contratação de servidores públicos, seriam chamados novos bolsistas que fariam o mesmo trabalho dos antigos, só que recebendo R$ 300,00! Também em outras conversas com o assessor de Assistência Estudantil da UEM, André Gasparetto, foi afirmado por este a vontade da administração em implantar essa solução paliativa para o RU e para os estudantes carentes.Ou seja: não se resolve um problema, que é a falta de funcionários, e se acentua outro, que é a exploração de estudantes de baixa renda pela universidade, que se antes eram explorados apenas por comida e fotocópias.


É inadmissível que a suposta melhor universidade do Paraná use da mão de obra de estudantes carentes para suprir uma falta no quadro de pessoal da universidade! Nós, como estudantes da universidade, denunciamos a atual situação de penúria que a Universidade Estadual de Maringá se encontra e nos recusamos a continuar nos sujeitando a essa exploração por parte de quem devia nos dar condições de estudar!

Pela imediata revogação da Resolução Nº 128/2001-CAD!

Por uma política de Acesso e Permanência Estudantil aos estudantes carentes!

Pela imediata contratação de seis funcionários do RU-I!

Assinam os estudantes bolsistas do RU-I,

Maycon Christian Costa Mânfio

Graziele Lopes Pascoal

Emerson Almeida Soares

Mateus Moreira de Melo

Marcos Leandro Batista

Carolina V. I. de Farias

Stefano M. Achete

Erica Travaini Grecco

Diogo Rodrigues da Silva

Lucélia de Moura Pereira

Emerson A. Soares

Rafael de O. M. Pereira

César Hideo Yasuo

Gabriel Essado Faggioni


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